terça-feira, novembro 01, 2005

David Kaplan --- Demonstratives II: Contextos de uso vs. Circunstancias de avaliacao

Kaplan sugere que devemos fazer uma distincao clara entre:
  1. contextos de uso; e
  2. circunstancias de avaliacao.
Todo contexto de uso possui um agente (falante), e isso implica que uma regra de designacao ( RD) para um termo diretamente referencial deveria ser:

(RD): Em todo contexto possivel de uso o dado termo refere ao agente do contexto.

Mas RD nao pode ser usada para fornecer um objeto relevante a cada circunstancia de avaliacao , pois essas, em geral, nao possuem agentes. Assim, suponhamos que eu diga:

Eu nao existo.

Sob que circunstancias, pergunta Kaplan, poderia isso que eu disse ser verdadeiro? Uma boa resposta seria: em circunstancias nas quais nao houvesse agentes (p. 495). Mas parece um contrasenso afirmar que a frase acima seria verdadeira sse o falante da circunstancia nao existe na circunstancia. Se essa fosse a analise correta, seguir-se-ia que:

Eh impossivel que eu nao exista. (p. 498)

A licao aqui eh que, apesar de indexicais possuirem um `conteudo descritivo', esse conteudo eh relevante apenas para determinar um referente num contexto de uso, e nao para determinar um individuo relevante numa circunstancia de avaliacao . Kaplan apresenta explicitamente essa conclusao na sequencia, quando afirma que a analise anterior deveria ter estabelecido o seguinte:

(T1) O significado descritivo de um indexical puro determina o referente do indexical com respeito a um contexto de uso mas ou eh inaplicavel ou irrelevante para determinar um referente com respeito a uma circunstancia de avaliacao.

E seria por essa razao que a seguinte tese (que nao passa de uma versao mais elaborada do Principio 2) obteria suporte:

(T2) Quando o que foi dito ao usar um indexical puro num contexto c deve ser avaliado com respeito a uma circunstancia arbitraria, o objeto relevante eh sempre o referente do indexical com respeito ao contexto c. (p. 500)

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