Uma passagem de Stanley Cavell sobre o "autoconhecimento" em Wittgenstein --- extraída de "The Availability of Wittgenstein's Later Philosophy" (In: Shanker, Stuart (Ed.), Ludwig Wittgenstein: Critical Assessments, Vol. II; Routledge, 1996).
Outros filósofos, eu creio, estão sob a impressão de que Wittgenstein nega que podemos saber o que nós pensamos e sentimos, e mesmo que podemos conhecer a nós mesmos. Essa ideia extraordinária se origina, sem dúvida, de observações de Wittgenstein tais como: "Eu posso saber o que outra pessoa está pensando, não que eu estou pensando" ([IF] II, p. 222); "Não se pode dizer a meu respeito de modo algum (exceto, talvez, como uma brincadeira) que eu sei que estou com dor" ([IF] #246). Mas o "pode" ou "não pode" nessas observações são gramaticais; eles querem dizer "não faz sentido dizer essas coisas" (do modo que pensamos que faz); igualmente, portanto, não faria nenhum sentido dizer a meu respeito que eu não sei no que eu estou pensando, ou que eu não sei que estou com dor. A conseqüência não é que eu não posso conhecer a mim mesmo, mas que conhecer a si mesmo --- ainda que radicalmente diferente do modo como conhecemos aos outros --- não é uma questão de conhecer (classicamente, "intuir") atos mentais e sensações particulares . (p. 54 -- negrito adicionado)
2 comentários:
Conheço pouco das interpretações da teoria do autoconhecimento de Wittgenstein, e do pouco que conheço esta interpretação de Cavell parece uma das melhores.
Olá! bom dia!
Pelo que tenho lindo no seu blog és um interessado na filosofia de Wittgenstein.
Pouca coisa, em lingua portuguesa, sobre Wittgenstein e mais precisamente sobre o Caderno Azul, tenho encontrado. Vim até aqui perguntar-lhe se conheces algum site ou se tens algum texto que trate desta obra pouco trabalhada em português. Sou estudante de História e estou me aventurando em uma disciplina do curso de Filosofia, e confesso que minha maturidade em relação aos textos do Wittgenstein deixam a desejar.
meu e-mail: karolmjackson@hotmail.com
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