Aqui esta o primeiro (e por ora o unico) texto que publiquei sobre o assunto em pauta:
"Eu, eu mesmo e a autoconsciencia: Distinções entre as perspectivas de primeira e de terceira pessoa" (Intelectu no 8 - Maio de 2003)
Pretendo utilizar esse texto como um ponto de partida para a primeira secao de minha tese. Reproduzo abaixo a introducao do mesmo, que diz o seguinte:
O objetivo geral deste texto será oferecer um breve balanço do debate protagonizado por alguns autores contemporâneos, respeitante ao tratamento de duas noções que, principalmente a partir da idade moderna, têm recebido um status muito importante dentre os vários temas investigados pela filosofia: as de sujeito (ou 'eu') e autoconsciência.
Para dar início a este estudo gostaria de introduzir algumas definições bastante comuns no tratamento destas noções, que deverão na sequência permanecer sempre em nosso horizonte de análise:
1. 'eu' é a palavra cada um de nós usa para falar de si mesmo;
2. autoconsciência é a consciência que um sujeito tem de si mesmo;
2.1. autoconsciência é um conhecimento ao qual o sujeito chega através de um processo de introspecção. Tal conhecimento é distinto do conhecimento dos objetos percebidos através de nossos sentidos, pois trata de um objeto (o sujeito) com certas características especiais.
A subsequente argumentação visa diagnosticar alguns dos principais problemas ou confusões filosóficas subjacentes às definições acima, e para tanto procederá do seguinte modo: na seção I apresentar-se-ão os principais argumentos de Elisabeth Anscombe e Anthony Kenny contra a definição (1); na seção II tratar-se-á da necessidade de auto-atribuições diretas de ações ou estados de consciência por parte de um sujeito para a posse de autoconsciência. Na seção III introduzir-se-á outro critério importante para a autoconsciência, que é uma função de nosso uso do pronome 'eu'. Na seção IV estabelecer-se-á a ligação existente entre auto-atribuições diretas e este último uso de 'eu', mostrando assim quais são as efetivas relações entre as noções de 'eu' e autoconsciência, e, consequentemente, a insatisfatoriedade da interpretação da definição (2) avançada em (2.1).
Vale salientar que minha presente opiniao eh a de que, apesar de a definicao (1) ser insuficiente para explicar a funcao do pronome de primeira pessoa em nossas praticas linguisticas, ela nao esta errada. De fato, penso que ela esgota a funcao semantica do `eu', mas o que ela nao faz eh contemplar a dimensao pragmatica de seu uso, que eh mais relevante ou fundamental do ponto de vista da compreensao da ligacao entre o uso desse pronome e a natureza da autoconsciencia.
Um comentário:
Jônadas,
Estou devendo uma boa lida no seu texto para a Intelectu.
Por enquanto, apenas uma observação: que tal a análise de Kaplan para indiciais como 'eu', 'aqui' e 'agora'?
Kaplan articula o significado em dois elementos, (i) o significado lingüístico e (ii) a referência. Aquilo que está no ponto (1) do seu texto corresponde, grosso modo, ao ponto (i) acima. Na análise kapliana faltaria ainda a referência.
Só pra dar um exemplo. O significado lingüístico de 'eu' (ou caráter, no jargão de Kaplan) é 'aquele que fala ou pensa'. O conteúdo ou referência é aquele que está falando ou pensando alguma frase envolvendo o indicial 'eu'.
Kaplan é ótimo. Se quiser uma cópia tamos aí.
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