sábado, março 27, 2010

Russell vs. cético sobre as condições da implicação


Bertrand Russell was discussing conditional statements of the above type and maintaining that a false statement implies anything and everything. A skeptical philosopher questioned him, “You mean that if 2 + 2 = 5, then you are the Pope?” Russell answered affirmatively and supplied the
following amusing “proof”:
“If we’re assuming 2 + 2 = 5, then certainly you’ll agree that subtracting 2 from each side of the equation gives us 2 = 3. Transposing, we have 3 = 2, and subtracting 1 from each side of the equation gives us 2 = 1. Thus since the Pope and I are two people and 2 = 1, then the Pope and I are one. Hence I’m the Pope.” (pp. 17-18)


Wittgenstein & Carroll


Duas passagens de I Think, Therefore I Laugh:

Both men were concerned with nonsense, logical confusion, and language puzzles—although [...] Wittgenstein was tortured by these things, whereas Carroll was, or at least appeared to be, delighted by them. (The relation between the two men is similar in this latter respect to that between Soren Kierkegaard and Woody Allen: same concerns, different approaches.) (p. 4)

Wittgenstein, for example, was tormented by the fact that a person does not talk about having a pain in his shoe, even though he may have a pain in his foot and his foot is in his shoe. Carroll, had he thought of it, probably would have written of shoes so full of pain that they had to be hospitalized. (p. 7)

quarta-feira, março 10, 2010

Cavell sobre o que é a filosofia

"I understand [philosophy] as a willingness to think not about something other than what ordinary human beings think about, but rather to learn to think undistractedly about things that ordinary human beings cannot help thinking about, or anyway cannot help having occur to them, sometimes in fantasy, sometimes as a flash across a landscape" (Ref)

terça-feira, março 09, 2010

Beta do resumo para o XIV Encontro da Anpof

Abaixo a versão beta do resumo para o XIV Encontro Nacional da ANPOF. Comentários são bem-vindos!



Linguagem comum, critérios e ceticismo: notas sobre a filosofia de Stanley Cavell

A presente comunicação pretende investigar as relações entre três aspectos fundamentais da filosofia de Stanley Cavell: o interesse metodológico pela filosofia da linguagem comum representada nos escritos de J. L. Austin e de Ludwig Wittgenstein, a visão projetiva dos critérios linguísticos sistematizada em The Claim of Reason, e a tese da verdade do ceticismo que subjaz a muitos de seus escritos posteriores. O principal foco do interesse em Austin e em Wittgenstein, do modo como Cavell os interpreta, reside em seu reconhecimento de que a linguagem comum é simultaneamente a origem e o caminho para a cura do impulso metafísico—ou de sua contrapartida, o impulso cético—em filosofia. Daí resulta a visão do filósofo da linguagem comum como alguém que deve ser capaz tanto de dar voz às tentações filosóficas que a posse de critérios possibilita quanto de tentar superá-las, através de uma reflexão que visa a recuperar a consciência de certos aspectos de nossas práticas linguísticas que podem ter sido esquecidos, reprimidos ou sublimados como resultado do ato de filosofar. Parte da explicação para essas tentações reside na insatisfação (demasiado humana) com o fato de que nossos critérios não podem garantir (impessoalmente) o acordo, seja entre diferentes usuários da linguagem, seja da relação desta com o mundo. Dado que nossos critérios baseiam-se apenas nos interesses e nas necessidades humanas—as quais, embora fundamentadas em uma “história natural” comum, encontram-se, assim como essa história, em constante mutação—eles devem estar permanentemente abertos a revisão, e, nesse sentido, devem estar sempre sujeitosao tipo de repúdio favorecido pelo cético. Uma consequência dessa concepção dos critérios é a tese de que Wittgenstein jamais teria pretendido negar, por exemplo, a possibilidade de uma “linguagem privada”; em vez disso, seu objetivo teria sido mostrar que a privacidade é umapossibilidade humana permanente—portanto, que a superação da privacidade deve ser sempre uma conquista, algo pelo qual cada um de nós tem de assumir pessoalmente a responsabilidade. Isso implica que, pace grande parte dos wittgensteinianos, descrever e arrolar nossos critérios simplesmente não pode ser uma maneira de refutar o ceticismo; na verdade, o resultado mais provável dessa estratégia seria o reforço da atitude cética, dada a indicação da real fragilidade dos fundamentos do acordo linguístico. Mas isso não implica que o ceticismo deveria ser simplesmente aceito: o cético pode estar certo ao indicar que a existência do “mundo externo” ou de “outras mentes” não pode ser conhecida com inabalável certeza; entretanto, ele erra ao interpretar esse resultado como uma demonstração de que o mundo e as outras pessoas podem não ser reais. O que há de verdadeiro no ceticismo é a atestação de que, para seres finitos como nós, a realidade do mundo e dos demais sujeitos não podem ser funções de nosso conhecimento, mas dependem antes de nossa aceitação e de nossoreconhecimento—portanto, que os reais custos envolvidos no abandono cético do consentimento não são apenas epistêmicos e teóricos, mas sobretudo práticos ou existenciais.