Como eu disse várias vezes, a filosofia não me leva a nenhuma renúncia, posto que não me abstenho de dizer nada, mas apenas abandono uma certa combinação de palavras como sem sentido. Em outro sentido, contudo, a filosofia requer uma resignação, mas que é do sentimento e não do intelecto. E talvez seja isso que a torna tão difícil para muitos. Pode ser difícil não usar uma expressão, assim como é difícil segurar as lágrimas num acometimento de raiva. (PO, p. 161)
[...] O que torna um assunto difícil de entender – se ele é significativo, importante – não é que alguma instrução especial sobre coisas abstrusas seja necessária para compreendê-lo. Trata-se antes do contraste entre o entendimento do assunto e o que a maioria das pessoas quer ver. Por causa disso as coisas que são mais óbvias podem se tornar as mais difíceis de compreender. O que devemos sobrepujar não é uma dificuldade do intelecto, mas da vontade. (PO, p. 161)
O trabalho em filosofia é [...] mais como uma espécie de trabalho em si mesmo. Na própria auto-concepção de cada um de nós. No modo como vemos as coisas. (PO, p. 161-3)
Uma das maiores dificuldades que encontro ao explicar o que quero dizer é esta: você está inclinado a colocar nossa diferença de um modo, como uma diferença de opinião. Mas não estou tentando persuadir você a mudar sua opinião. Estou apenas tentando recomendar uma espécie de investigação. Se há uma opinião envolvida, minha única opinião é que essa espécie de investigação é imensamente importante e muito contrária à inclinação [against the grain] de alguns de vocês. (WLFM, p. 103 -- trecho de um diálogo com Turing)
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REFERÊNCIAS:
(PO) Philosophical Occasions: 1912-1951. Indianapolis and Cambridge: Hackett, 1993.
(WLFM) Lectures on the Foundations of Mathematics. From the notes of R.G. Bosanquet, Norman Malcolm, Rush Rhees, & Yorick Smythies. Cora Diamond (ed.). Chicago: University of Chicago Press, 1975.
Um comentário:
Olá! Achei seu blogue enquanto pesquisava sobre Wittgenstein.
Queria trocar uma idéia contigo por email, se fosse possível.
Como não achei teu contato aqui no blogue, te passo o meu e fico no aguardo pela tua saudação: vitor.diel@gmail.com
Abraços!
Vitor Diel
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